quinta-feira, 22 de novembro de 2012

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Sou enfermeira, mas acho que nunca saberei lidar com a morte...

Nos últimos tempos tenho seguido de tão perto um caso que me deixa destroçada!
É uma jovem de 41 anos, que desde tenra idade foi "abandonada" por pais e irmãos ficando então entregue à sua sorte. Dos poucos que ainda a vão visitando, garantem que sempre teve uma vida infeliz, nunca constituiu família, nunca teve endereço certo, nunca teve uma vida estável, acho que nunca soube o que era ser amada...

Este último internamento já se vem alongando, mais do que nós profissionais de saúde esperávamos  não há mais nada que medicina possa oferecer... No último mês, nós, enfermeiros e auxiliares temos sido os seus amigos, a sua família, aquele quarto tem sido a casa dela. Cada vez mais, custa-me entrar lá... até hoje ela estava consciente, falava connosco. Mas hoje, ela não conseguiu passar do "preciso... preciso..." não sei o que ela realmente precisava, dei-lhe o que ela nos pedia 95% das vezes e limitei-me a oferecer a minha presença... e o meu toque! 
Dizia que custa-me entrar naquele quarto, mas mais me custa sair, saber que a deixo sozinha, num vazio que quase ecoa sem qualquer calor humano que amenize esse caminho final...



   

3 comentários:

  1. Só posso dizer que compreendo o sentimento:) Força!

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  2. Infelismente ha muita gente assim neste mundo que necessita dum ombro amigo, que se sentem sós.deve ser terrivel

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